~ Matthieu Ricard
Para cultivar o amor altruísta, primeiro devemos nos tornar plenamente conscientes do nosso próprio desejo de nos livrarmos do sofrimento e de experimentarmos bem-estar. Este passo é especialmente importante para aqueles que têm uma imagem negativa de si mesmos ou para aqueles que sofreram tanto que sentem que a felicidade não foi feita para eles. Devemos gerar assim uma atitude acolhedora, tolerante e benevolente com relação a nós mesmos e nos dispor a conseguir o que é verdadeiramente bom para nós mesmos.
Uma vez que tenhamos reconhecido essa aspiração, temos de reconhecer também que ela é compartilhada por todos os seres. Devemos reconhecer nossa humanidade comum e tomar consciência de nossa interdependência.
Vamos primeiro focar a nossa meditação em um ente querido.
É mais fácil começar a treinar o amor altruísta pensando em alguém que seja muito querido para nós. Podemos imaginar uma criança vindo em nossa direção, sorrindo, plena de inocência. Em seguida, deixe fluir em direção a ela o amor, carinho e afeto incondicionais, desejando-lhe todo o bem que possa existir: “que você possa estar em segurança, ser saudável e prosperar na vida.” Vamos nutrir este amor e deixá-lo preencher nossa paisagem mental.
Estenda a sua meditação
Em seguida, estenda esse amor benevolente para além de seus entes queridos, para pessoas que ainda não conhece. Elas também desejam ser felizes, mesmo que, como nós, elas frequentemente se confundam sobre as maneiras de escapar do sofrimento. Finalmente, estenda sua benevolência àqueles que cometeram injustiças e àqueles que prejudicaram outros. Isso não significa que nós queremos que eles obtenham sucesso em seus esforços maldosos. Pelo contrário, desejamos profundamente que o ódio, a crueldade, a ganância ou a indiferença que habita sua mente possam diminuir. Olhe para eles como um médico que trata alguém com uma grave doença mental.
Finalmente, envolva todos os seres sencientes, humanos e animais, nesse amor sem limites.
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