Difícil imaginar o motivo porque uma pessoa entra em nosso caminho e nos apaixonamos por ela. Mas foi assim que aconteceu comigo e Maria Madalena: ela entrou na minha vida, e o que antes era paixão rasa, com o passar do tempo, virou torrente subterrânea de amor. E eu explico: não é apenas um sentimento pela personagem descrita nos Evangelhos, em que se pode distinguir qualidades e características de um ser humano em determinada época, mas uma ligação mística, profunda, interior, cujo sentido se desvela aos poucos até hoje.
Madalena nos apresenta uma nova maneira de ser e viver plenamente o aspecto sagrado. No último dia 22 de julho, o próprio Vaticano, que já tinha revisto a associação entre ela e a prostituta descrita nos Evangelhos, transformou oficialmente essa data no dia de Santa Maria Madalena, uma festa católica como as dedicadas à Virgem Maria e outros santos. O feminino representado por ela, o de uma mulher livre, corajosa e plena de amor, foi assim redimido. Pela primeira vez, de forma consciente e pública, o amor incondicional e ousado da discípula e da mulher não é mais lido como sinônimo de algo indigno. Com Madalena assumida pelo poder religioso, o mundo não está mais dividido apenas entre santas e prostitutas. Às mulheres foi devolvido, com toda honra, o direito de exercer plenamente seu amor, liberdade e feminilidade dentro da dimensão do que é sagrado. Madalena foi reconhecida como mestre e evangelizadora pela Igreja Católica, como “o apóstolo dos apóstolos”, isto é, o maior entre todos eles. E foi apontada como mulher digna de exemplo e supremo respeito. O que estava oculto e inconsciente foi dado à luz. Toquem os sinos de todas as igrejas!
Mas apesar de todos os documentários, livros e filmes já realizados a respeito dela ultimamente, o mistério Madalena permanece. E um dos lugares que mais esconde as chaves desse enigma é a França. E, talvez por meu profundo amor por ela, me foi permitido conhecer todos lugares onde a tradição diz que ela passou em território francês quando era ainda uma distante província do Império Romano.
Me acompanhem por esse passeio agora.
Com muita emoção pisei pela primeira vez em Saintes-Mairies-de-la mer, Santas Marias do Mar, na região da Camargue (Sul da França) onde, diz a tradição, Maria Madalena, Marta, sua irmã, São Tiago, São Lázaro, São Maximino e duas discípulas já idosas, Maria Jacobéia e Maria Salomé, chegaram num barco fugidos da Palestina e da perseguição dos romanos aos seguidores de Jesus. A partir desse momento já se sabe: Maria Madalena é Maria, irmã de Marta e de Lázaro, o grande amigo de Jesus. A história não se refere a outras Marias, pecadoras ou prostitutas, citadas no Evangelho. Mas se relaciona a uma mulher forte, culta e livre, possivelmente rica e viúva (as mulheres casadas tinham seu nome ligado ao marido na tradição judaica, e Maria de Magdala se relaciona ao de uma cidade, o que acontecia com as viúvas ou mulheres solteiras). Magdala também significa A Torre (magdal, em hebraico) e é possível que as pessoas da época já a considerassem como um farol do nascente cristianismo, um luminar, e uma grande mestra.
Também não é impossível que ela também seja a pecadora (como os judeus viam as mulheres livres que não se casavam) que lava os pés de Jesus com o valioso perfume de nardo, que ela traz dentro de um vaso de alabastro, e que os enxuga com suas lágrimas de amor. Dela, o evangelistas Lucas diz que Jesus tinha expulsado anteriormente sete demônios. Autores modernos afirmam que, na verdade, Jesus limpou seus sete chacras dos pecados correspondentes a eles, os sete pecados capitais, e purificou seu espírito de qualquer mácula. E que a partir disso, ela o seguiu até sua morte na cruz. Porém, na lenda provençal, ao menos, se fala mais de Maria Madalena como a irmã de Marta, da rica família de Betânia.
Os discípulos chegam em Saintes-Maries-de-la-mer cerca de 10 anos depois da morte de Cristo. A missão deles: divulgar o ensinamento de amor de Jesus na longínqua província do Império Romano, ainda parcialmente dominada pelo povo celta. O mais estranho, porém, é que Madalena chega acompanhada de uma menina morena, uma escrava egípcia, chamada Sara. E aqui abro um parêntese sobre a misteriosa origem da mais fiel apóstola de Jesus.
Se há autores que dizem que Madalena veio de Magdala, uma cidade pesqueira de Israel que existe até hoje, há alguns outros que afirmam que ela veio de Migdala, na Etíopia (África). Portanto, que ela era morena como as etíopes, e como a rainha de Sabá, que tanto encantou o rei Salomão séculos antes. Portanto, Maria Madalena teria pele escura, assim como a menina Sara, sua escrava egípcia. O que é surpreendente para muita gente até hoje.
A relação entre Etiópia e Israel é profunda. Seus habitantes julgam que fazem parte de uma das doze tribos perdidas de Israel e que descendem do rei Salomão e da Rainha de Sabá. E foi a mais famosa rainha da Etiópia, a do reino de Sabá (Shebet), que provavelmente foi fonte de inspiração para o único poema erótico da Bíblia, O Cântico dos Cânticos, que fala do amor do rei Salomão por ela e, metaforicamente, da alma pelo espírito. Não seria tão estranho, portanto, que Maria Madalena fosse de lá, como afirmam os próprios etíopes.
Em Saintes-Maries-de-la-mer, a devoção à Santa Sara, ou à escrava egípcia que acompanhou Maria Madalena, é aterradora. Na cripta da igrejinha da cidade, uma imagem de uma jovem negra que representa Santa Sara é circundada por inúmeras velas e flores, renovadas todos os dias. Eu me ajoelhei lá com profunda devoção. Seja Sara a filha de Jesus e Maria Madalena, como querem alguns autores, ou seja apenas Sara, a criada que a ajudava nos afazeres domésticos, senti uma força incrível ali. E eu tive muitos sonhos a partir disso, durante o resto da viagem.
Foi por meio dos sonhos que eu compreendi que em Saintes Maries-de-la-mer, chegam as águas de um grande rio, o Rhône (ou Ródano, em português) que tem a função de purificar o coração do território francês. Na foz desse escoadouro natural, o rio se lança ao mar. Madalena faz o percurso inverso do rio, o que é simbolicamente muito significativo para entender o sentido de sua tarefa espiritual: pela terra já purificada pelas águas do rio, a apóstola sobe a correnteza com o fogo do espírito, a luz de Cristo. Sei perfeitamente que na nossa cultura, ao contrário das culturas tribais, não se dá muito valor a informações subjetivas que chegam pelos sonhos. Mas uma peregrinação espiritual geralmente acontece em dois níveis de realidade: o segundo nível (o sonho) geralmente elucida, por meio de símbolos, o que significa o primeiro (a realidade vivida durante a viagem). E vice-versa, pois os símbolos também se apresentam durante todo o caminho do peregrino. O percurso de uma viagem espiritual acontece assim, fora e dentro, dentro e fora, embora, na verdade, trate-se de um fluxo único de consciência.
É possível seguir todos os passos de Maria Madalena e dos apóstolos na região: a evangelização dela feita em Marselha, junto com São Maximino, as cidades onde passaram Santa Marta (Tarancon, por exempo) e São Lázaro, as palavras de fé para os habitantes de Saintes-Maries ditas pelas discípulas mais velhas, Maria Jacobéia e Maria Salomé, que ficaram para trás (seus corpos repousam na igrejinha de lá). Ruínas de igrejas do cristianismo primitivo, do primeiro século, também podem ser vistas em Marselha ainda hoje, por exemplo. Eu as vi, e me perguntei quem teria trazido o cristianismo para aquelas terras quase imediatamente depois da morte de Jesus Cristo. Muitos mártires e santos mas, certamente, também os apóstolos originais que vieram no barco vindo Palestina, como diz a tradição.
A história de Madalena também foi descrita com mais detalhes nos Evangelhos gnósticos. O gnosticismo era uma corrente de pensamento contemporânea (ou mesmo anterior, há controvérsias) a Jesus Cristo razoavelmente popular na época, e a ideia da união sagrada (isto é, feita com magia sexual) entre um homem e uma mulher era muito conveniente a eles, porque fazia parte de suas crenças e práticas. Há de se tomar cuidado, portanto. Temos de separar a realidade judaica, em que um rabino como Jesus era normalmente casado, da ideia dos gnósticos, que viam Jesus e Maria Madalena como um casal que praticavam o hiero gamos, ou união sagrada, feita com base na magia sexual. Enfim, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Não vamos misturar.
“As teorias da Madalena-Esposa-Rainha-Deusa-Santo Graal não constituem história séria”, diz a estudiosa Amy Welborn no livro Decodificando Maria Madalena. Concordo. Essa é apenas uma leitura feita a partir das ideias dos gnósticos que, como vimos, tinham total interesse em usar Jesus e Maria Madalena como garotos-propaganda de suas crenças, o que aconteceu também, parcialmente, com os cátaros, séculos mais tarde.
Dan Brown, autor do Código Da Vinci, e muita gente embarcaram nessa ideia gnóstica, mas eu não. Acredito (mas não posso ter certeza) muito mais na possibilidade de Sara como filha de um rabino judeu perseguido pelo Império Romano pelas suas ideias revolucionárias do que Sara como fruto de uma união gnóstica e, pior ainda, antepassada dos reis merovíngeos, outra ideia bem conveniente à realeza francesa durante a Idade Média.
Sou muito mais ligada à imagem de Maria Madalena enquanto discípula de Jesus, a mulher corajosa que nunca o abandonou e que, após ter evangelizado durante anos, viveu em contemplação, meditando, numa gruta distante no Sul da França, do que essa versão moderna, que esteve muito na moda, aliás, de Deusa, Prostituta Sagrada e interpretações NewAge/Wicca. Essa é minha visão, ninguém é obrigado a concordar com ela.
Mas você pode me perguntar também se toda essa história provençal não passa de invenção criada pela Igreja Católica durante a Idade Média. Aceito esse questionamento. Mas, sinceramente, não acredito que isso tenha acontecido. São tantos detalhes, tantos lugares, e tanta força presente nesses locais, que penso ser impossível manter uma farsa dessa dimensão por séculos e séculos seguidos.
E um desses lugares, talvez o mais forte deles, é Sainte Baume (Santa Gruta, no dialeto provençal).
Quem me falou pela primeira vez de Sainte Baume, a caverna do Sul da França onde Madalena teria vivido por 30 anos em estado de contemplação, e alimentada pelos anjos sete vezes por dia, foi uma jornalista, Frédérique Jourdaa. Ela me foi apresentada pelo marido da minha filha, também jornalista. Frédérique, descendente de vietnamitas católicos, era tão apaixonada por Madalena quanto eu. Escreveu vários livros sobre o assunto, mas o que mais queria perguntar naquele almoço informal em Paris era o que ela havia sentido na gruta. “Um amor, um profundo amor”, ela me disse. “E ele chega a ser palpável, Liane”, ela me disse com os olhos marejados.
Também foi com emoção, mas também com leveza e ausência de expectativas, que dois anos depois desse encontro fui finalmente visitar Sainte Baume. A viagem até lá começou em Saint Maximin, a cidade onde está a igreja do discípulo de Jesus que amparou Madalena no momento de sua morte. Entrei na igreja de formas despojadas e levei um choque. Diante do enorme baixo-relevo em prata acima do altar, com o Espírito Santo em forma de pomba em meio a dezenas de raios, uma soprano cantava à capela a Gymnopadie No. 1, de Erik Satie, uma das músicas que escolheria para descrever a mim mesmo.
A voz dela me penetrou até a alma. E com essa música doce ao fundo, me dirigi à cripta onde a tradição diz estar o crânio de Madalena, escondido numa moldura em ouro, como um capacete de escafandro colocado sobre uma imagem em pedra que a reproduz. Apesar da estranheza que aquela ossada escura me provocava, me senti muito bem. Peritos dizem que o crânio exposto pertence a uma mulher de origem mediterrânea com 1,57 cm de altura do século I depois de Cristo. Corresponde exatamente à época dela. Talvez ela não tenha sido etíope. Nem ruiva, como os pintores e Dan Brown a representaram (com mãe, avó e bisavó ruivas, lamentei especialmente essa parte…). Mas apenas uma mulher pequena, como tantas outras da região onde Jesus viveu, com cabelos e olhos escuros, e feições palestinas.
Imagem virtual de Maria Madalena por pesquisadores brasileiros a partir do crânio da Igreja de Saint Maximi.
Voltei para a igreja e rezei para ela.
Lá fora, o céu estava naquele tom azul provençal profundo. Fomos almoçar no Couvent des Rois, um restaurante construído no local onde reis e papas ficavam descansando antes de visitar Sainte Baume, uma prática devocional comum na Idade Média. Comemos salada com trufas (chinesas) e depois, frutos do mar e vinho rosé. Eu já havia quase me esquecido que estava a trabalho, quando a guia da Atout France lembrou que tínhamos pouco tempo para percorrer a floresta de carvalhos e faias e subir (e descer) o maciço de pedras onde fica Sainte Baume.
Saímos com pressa e tive outro choque: o tempo tinha mudado drasticamente. O céu estava cinza, e começava a cair uma garoa. Ah, não, tudo menos subir e descer rapidamente 1000 metros debaixo de chuva… Era o anticlímax do anticlímax para mim. Como os anjos poderiam fazer isso comigo?
Mesmo assim, nós iniciamos a subida. Passamos primeiro pela floresta onde os celtas faziam suas cerimônias, e onde ainda hoje existem rochas que tradicionalmente propiciam a fertilidade, segundo a tradição pagã. Os romanos invasores não gostavam de lá: diziam que ali havia espíritos, dragões e seres da natureza. Pedi licença internamente aos guardiões do local, e senti toda a magnitude e força daquela massa de folhas verde-claro que se moviam gentilmente com o vento. Não havia o que temer.
Na trilha, encontrei radiestesistas medindo a energia do lugar. Eles disseram que ali era registrado o campo energético mais alto e intenso da França. Eu procurei não ficar influenciada por eles. E continuei a caminhada naquele solo magnético apenas prestando atenção na minha respiração.
Eu quase não tinha mais fôlego para a acompanhar a guia acostumada com a subida. A neblina foi tomando conta da floresta. Quando chegamos em cima, enfrentamos ainda uma escadaria com mais de 100 degraus. Mal avistávamos a entrada da gruta, eu só enxergava camadas de nuvens. Não havia mais formas distinguíveis e parecia que estávamos num lugar fora da Terra. Nós entramos, e eu vi luzes, muitas luzes, de velas. Vozes cantavam em coro, e a neblina se misturava com a fumaça do incenso. Era absolutamente irreal e real ao mesmo tempo. Eu não poderia ter escolhido melhor dia e condições para estar ali.
Um frade começou a homilia falando apenas de amor. Só de amor. O amor místico de Maria Madalena pelo mestre amado Jesus, a rosa escarlate no coração que era usada como símbolo dela, o feminino santificado pela entrega amorosa desmesurada. Um choro brotou das minhas entranhas com uma fonte. As lágrimas escorriam, escorriam, e eu não conseguia segurá-las. Lá estava o amor, o profundo amor, que Frédérique havia me falado. Ele me banhava todo o meu ser, e eu estava imersa nele.
Um suave toque da guia no meu ombro deu o sinal de que era preciso descer antes de cair a noite. Nós descemos rapidamente em silêncio.
Há muito para falar sobre ela. E Madalena ainda está presente. Na nossa casa, aqui em Campos do Jordão, penduramos na porta o símbolo de Saintes-Maries-de-la-mer: a cruz (a fé), a âncora (a esperança) e o amor (o coração) entrelaçados numa só figura.
Maria Madalena, e os seus anjos, nos guiam.
Fonte:http://redlotus-spiritualtravels.com/2016/07/25/maria-madalena-a-sintese-do-amor-profundo/
Maria Madalena: Aprendendo com seu intenso amor a Jesus
Ir. João Antônio Johas Leão, 22 de Julho de 2014
Maria Madalena aparece pouco nos quatro evangelhos, mas, apesar disso, sabemos que essa santa mulher deu mostras de um coração profundamente entregue a Jesus. Gostaria de meditar no capítulo vinte do Evangelho de São João, no qual Maria nos mostra como seu amor a Deus era forte, como isso permitiu que ela experimentasse de maneira singular a misericórdia divina e como esse amor divino em seu coração transbordou em ações missionárias.
No final do capítulo 19 lemos a narração de como José de Arimatéia e Nicodemos sepultaram o corpo de Jesus. Esse capítulo começa no primeiro dia da semana, contando como Maria Madalena vai ao sepulcro de madrugada e ao chegar lá vê a pedra do túmulo fora do lugar. Sua primeira reação é correr para contar a Simão Pedro e a João que haviam “retirado o Senhor do sepulcro e não sabiam onde o colocaram”. Os dois apóstolos correm até o sepulcro, olham o lugar e depois voltam para casa. Maria porém, permaneceu junto ao sepulcro, do lado de fora, chorando.
Foi então que apareceram dois Anjos que a perguntaram: “Mulher, por que choras?” E ela mais uma vez diz que levaram o seu Senhor e ela não sabe onde Ele está. Olhando para o outro lado vê então outra pessoa, que ela pensa ser o jardineiro, mas que é na verdade o próprio Jesus Ressuscitado. Ele a pergunta: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”
Dessa vez, ela já não responde que levaram o seu Senhor, mas simplesmente implora que a diga onde seu Senhor foi colocado, para que o possa ir buscar. Jesus, nesse momento, a chama pelo nome e ela por fim o reconhece. Prontamente cai aos seus pés e o chama Rabi. Jesus pede então que ela anuncie aos seus irmãos que ela o tinha visto. É o que ela faz.
É impressionante o amor que Maria Madalena demonstra pelo mestre que ela julgava morto. O fato de ir de madrugada visitar o sepulcro já demonstra um desejo intenso de estar perto dele o mais rápido possível. Pensemos em nossas vidas, será que podemos dizer que também em nós existe esse amor intenso por Jesus? Sentimos tanto a sua falta quando nos percebemos longe dele?
Quão desconsolada não deve ter ficado quando percebeu que Jesus não estava ali. Não lhe surgiu na mente a possibilidade de que havia ressuscitado, por isso pensou o pior, que haviam roubado o corpo. Saiu correndo para falar com os amigos mais próximos de Jesus, aqueles que dariam continuidade à missão de Jesus na Terra.
Hoje em dia muitos fiéis católicos têm a experiência de não ver Jesus onde esperavam encontrá-lo. Não o sentem na oração, não o percebem na Celebração Eucarística, não o encontram nesse ou naquele ponto da doutrina católica que não estão de acordo, etc. Frente a tudo isso a reação mais fácil é desesperar, achar que Jesus realmente está perdido, que o roubaram. Ir até os amigos de Jesus que até hoje, na Igreja, continuam a sua missão, é muito difícil. Temos dificuldade de confiar no Magistério, nos ensinamentos da Igreja, nos nossos párocos. E isso é realmente muito ruim, porque justamente nesses momentos mais difíceis de ver Deus é que temos mais necessidade de companheiros e de guias na fé. E que melhores guias podemos querer que aqueles que Jesus deixou na Igreja como pastores para guiar o seu rebanho? Não confiar na Igreja é, no fundo, não confiar em Jesus.
"Maria persevera junto ao sepulcro, chorando, porque queria o Senhor de volta. E essa perseverança é premiada, como disse o mesmo Jesus: “Aquele que perseverar até o final, será salvo". (Mt 24,13)”
Maria persevera junto ao sepulcro, chorando, porque queria o Senhor de volta. E essa perseverança é premiada, como disse o mesmo Jesus: “Aquele que perseverar até o final, será salvo. (Mt 24,13)”. Jesus mesmo sai ao seu encontro depois de tanta espera. Que honra poder ser das primeiras pessoas a ver Jesus Ressuscitado. O coração de Maria deve ter se enchido de uma alegria muito grande. O reconhece como Mestre, chora aos seus pés, quer ficar com Ele ali, mas ainda não é o momento, ela tem uma missão a cumprir: Anunciar o que viu aos discípulos.
Nesse episódio, se resume de alguma maneira o núcleo da vida de todos os católicos. Nós somos as pessoas que, por graça de Deus, nos encontramos com Jesus que está vivo e que quer que todo o mundo se encontre com Ele. Perguntemo-nos como está o nosso ardor missionário, como vivemos a dimensão de anúncio dessa maravilha que nós encontramos. Deixemo-nos iluminar pela figura dessa Santa mulher, que logo depois de receber a alegria imensa da visita de Jesus, foi anunciar aos irmãos que Jesus estava vivo, e que ela O tinha visto
Fonte:http://www.a12.com/formacao/detalhes/maria-madalena-aprendendo-com-seu-intenso-amor-a-jesus
MARIA MADALENA
Maria Madalena é mencionada, tanto no Novo Testamento canônico como em vários Evangelhos Apócrifos, como uma distinta discípula de Jesus de Nazaré.
É considerada Santa pela Igreja Católica Romana, pela Igreja Ortodoxa e pela Comunhão Anglicana, que celebram sua festividade em 22 de julho.
Reveste uma especial importância para as correntes gnósticas do cristianismo. Seu nome faz referência a seu lugar de procedência: Maria de Magdala, localidade situada na costa ocidental do lago de Tiberíades.
Maria Madalena no Novo Testamento
A informação sobre Maria Madalena nos Evangelhos Canônicos é escassa. É citada em relação com quatro fatos diferentes:
- De acordo com o Evangelho de Lucas (Lc 8:2), Maria Madalena hospedou e proveu materialmente Jesus e seus discípulos durante sua pregação na Galiléia. Acrescenta-se que anteriormente foi curada por Jesus:"Acompanhavam-lhe os doze e algumas mulheres que tinham sido curadas de doenças e espíritos malignos: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios [...]"
- De acordo com os Evangelhos de Marcos (Mc 15:45-47), Mateus (Mt 27:55-56) e João (Jn 19:25), esteve presente durante a crucificação de Jesus.
- Em companhia de outras mulheres, foi a primeira testemunha da ressurreição, segundo uma tradição na qual concordam os Quatro Evangelhos (Mt 28:1-5, Jn 20:1-2, Mc 16:1-5, Lc 24:1-10). Depois comunicou a notícia a Pedro e aos demais apóstolos.
- Segundo um relato que só aparece no Evangelho de João, foi testemunha de uma aparição de Jesus ressuscitado (Jn 20:11-18).
Os relatos são as únicas passagens dos Evangelhos Canônicos nos quais se cita "Maria de Magdala". A tradição cristã ocidental (católica), no entanto, embora sem apoiar-se em evidências textuais de nenhum tipo, identificou Maria Madalena com outros personagens citados no Novo Testamento:
- A mulher adúltera a qual Jesus salva de um apedrejamento, em um episódio relatado apenas no Evangelho de João (Jn 8:3-11). Não está comprovado que fosse ela e isto levou a muitos erros e confusões dentro da Igreja Católica, se degradou a imagem de Maria Madalena sem justificativa aparente.
- A mulher que unge com perfumes os pés de Jesus e os enxuga com seus cabelos antes de sua chegada em Jerusalém, segundo os Evangelhos Sinópticos (Lc 7:36-50, Mc 14:3-8, Mt 26:6-13), cujo nome não se menciona. Segundo Marcos e Mateus, no entanto, a unção ocorreu em Betânia, "na casa de Simão, o leproso", o que levou a identificar esta mulher com Maria de Betânia.
- Maria de Betânia, irmã de Lázaro, a quem se atribui no Evangelho de João a iniciativa antes mencionada (Jn 12:1-8), e que aparece em outras conhecidas passagens do quarto Evangelho, como a ressurreição de Lázaro (Jn 11:20-30). Identifica-se também com a Maria do episódio da disputa entre Marta e Maria (Lc 10:38-42).
A identificação de Maria Madalena com Maria de Betânia e "a mulher que foi uma pecadora", foi estabelecida em um sermão que o Papa Gregório realizou no ano 591, no qual disse: "Ela, a quem Lucas chama a mulher pecadora, a qual José chama Maria -de Betânia-, nós cremos que é Maria, de quem sete demônios foram expulsos segundo Marcos". Este é o sermão que provocou que na história Maria Madalena ficasse unida a essas fatais palavras que a condenaram ao longo de muitos anos a ser a pecadora. Hoje em dia pode-se verificar que isto não tem bases bem fundamentadas e a primeira, a pecadora, não tem por que ser a mesma que as outras duas Marias.
Difundida pelos teólogos dos séculos III e IV, esta teoria não comprovada gozou de muita popularidade no século XIX, e causou muita confusão e certo desprestígio em quem foi um dos principais Apóstolos do Cristo. Este fato também serviu para deixar esta Apóstola à margem do poder eclesiástico. Lembremo-nos que a igreja sempre deixou de lado e marginalizou a mulher, e ainda mais por se tratar da esfera do poder na qual nunca teve acesso, mesmo sabendo que, entre os seguidores diretos de Jesus, havia tanto homens como mulheres, e Ele não fazia distinção especial entre uns e outras.
Maria Madalena nos Evangelhos Apócrifos
O Evangelho de Pedro só menciona Maria Madalena em seu papel de testemunha da ressurreição de Jesus.
Na manhã do domingo, Maria Madalena, discípula do Senhor, -atemorizada por causa dos judeus, pois estavam cheios de ira, não tinha feito no sepulcro do Senhor o que as mulheres costumavam fazer por seus mortos queridos- levou consigo suas amigas e foi ao sepulcro no qual tinha sido depositado.
Em pelo menos dois dos textos gnósticos encontrados em Nag Hammadi, o Evangelho de Tomás e o Evangelho de Felipe, Maria Madalena aparece mencionada como discípula próxima de Jesus, em uma relação tão próxima como a dos Apóstolos. No Evangelho de Tomás há duas menções de Mariham (sessão 21 e 114), que, segundo os estudiosos, fazem referência a Maria Madalena. A segunda menção faz parte de uma passagem enigmática que foi objeto de variadas interpretações:
Simão Pedro disse-lhes: Que Mariham se afaste de nós! Pois as mulheres não são dignas da vida. Jesus disse: Olhe, eu me encarregarei de fazê-la macho, de maneira que ela também se converta em um espírito vivente, idêntico a vocês os homens: pois toda mulher que se faça varão, entrará no reino do céu.
Este texto, à luz da gnose contemporânea, é muito ilustrativo, embora ao longo da história tenha sido lido à letra morta.
No Evangelho de Felipe (log. 32) é considerada a companheira de Jesus:
Três (eram as que) caminhavam continuamente com o Senhor: sua mãe Maria, a irmã desta e Madalena, a quem se designa como sua companheira. Maria é, efetivamente, sua irmã, sua mãe e sua companheira.
Isto também fica claro em outro texto não menos relevante que é a Pistis Sophia onde fica refletida a importância de Maria Madalena dentro do grupo dos Apóstolos. Atribui-se a Pistis Sopia a Valentim, eminente e valente buscador da Verdade, o qual teve a coragem de se rebelar contra os dogmas pontifícios da Igreja Católica, que naqueles tempos (séculos I e II de nossa era) já começava a fabricar sua ortodoxia eclesiástica com o fim de deixar fora de jogo os autênticos cristãos primitivos que abraçavam a Gnose a qual lhes havia sido outorgada por Jesus. Muitos teólogos não têm dúvida em afirmar que «».
Por último, outra importante referência à personagem encontra-se no Evangelho de Maria Madalena, texto do qual se conservam apenas dois fragmentos gregos do século III, e outro mais extenso, em copto, do século V. No texto, três Apóstolos discutem a respeito do testemunho de Maria Madalena sobre Jesus. André e Pedro desconfiam do seu testemunho, e é Levi (o Apóstolo Mateus) quem defende Maria.
Maria Magdalena foge da Terra Santa
Existe uma tradição segundo a qual Maria Madalena (identificada aqui como Maria de Betânia), seu irmão Lázaro e Maximino, um dos setenta e dois discípulos, bem como alguns companheiros, viajaram num barco pelo mar Mediterrâneo fugindo das perseguições na Terra Santa e desembarcaram finalmente no lugar chamado Saintes-Maries-de-la-Mer, próximo de Arlés. Posteriormente, Maria Madalena viajou até Marselha, onde iniciou a evangelização de Provença, para depois retirar-se para uma gruta -A Sainte Baume- nas proximidades de Marselha, onde teria levado uma vida de penitência durante 30 anos. Segundo esta tradição, quando chegou a hora de sua morte, foi levada pelos Anjos a Aix-em-Provence, ao oratório de São Maximino, onde recebeu a extrema unção. Seu corpo foi sepultado no oratório construído por Maximino em Villa Lata, conhecido desde então como Sto. Maximino.
VVeneração de Maria Madalena
O primeiro lugar da França no qual se sabe que houve culto a Maria Madalena foi a cidade de Vézelay, em Borgonha. Estão confirmadas as peregrinações ao sepulcro de Maria Madalena em Vézelay desde pelo menos 1030. Em 27 de abril de 1050, uma bula do papa Leão IX colocava oficialmente a abadia de Vézelay sob o patronato de Maria Madalena. Santiago de Vorágine refere à versão oficial do translado das relíquias da Santa desde seu sepulcro no oratório de São Maximino em Aix-em-Provence até a recém-fundada abadia de Vézelay, em 771. O São Maximino desta lenda é um personagem que combina traços do bispo histórico Maximino com o Maximino que, segundo a lenda, acompanhou Maria Madalena, Marta e Lázaro, até Provença.
Saint-Maximin
Um culto posterior que atraiu numerosos peregrinos iniciou-se quando o corpo de Maria Madalena foi oficialmente descoberto, em 9 de setembro de 1279, em Saint-Maximin-a-Sainte-Baume, Provença, pelo então príncipe de Salerno, futuro rei Carlos II de Nápoles. Nessa localidade construiu-se um grande monastério domínico, de estilo gótico, um dos mais importantes do sul da França.
Em 1600 as supostas relíquias foram depositadas em um sarcófago, que o papa Clemente VIII mandou fazer, mas a cabeça foi depositada à parte, em um relicário. As relíquias foram profanadas durante a Revolução Francesa. Em 1814 restaurou-se o templo e recuperou-se a cabeça da Santa, que se venera atualmente nesse lugar.
Detalhes importantes de Maria Madalena: esposa de Jesus
A tradição gnóstica e esotérica diz que Maria Madalena teria sido a esposa, a companheira sentimental, de Jesus de Nazaré, além da depositária de uma tradição cristã de caráter feminista que teria sido cuidadosamente ocultada pela Igreja Católica.
Posteriormente estas ideias foram aproveitadas por vários autores de ficção como Peter Berling (Os filhos do Grial) e Dan Brown (O código Da Vinci, 2003) entre muitos outros, indicando a dinastia Merovíngia como a hipotética dinastia.
Esta idéia apóia-se em alguns argumentos:
- Em vários textos gnósticos, como o Evangelho de Felipe, mostra que Jesus tinha com Maria Madalena uma relação de maior proximidade do que com os demais discípulos, incluindo os Apóstolos. Concretamente, o Evangelho de Felipe fala de Maria Madalena como "companheira" de Jesus.
- Isto mesmo ocorre na Pistis Sopia onde as conversas e perguntas que Maria Madalena faz ao Mestre demonstram que era, entre os Apóstolos, a mais próxima e entendida na Sabedoria que estava sendo dada e também a nível pessoal tinha uma grande afinidade e comunhão.
- Nos Evangelhos Canônicos, Maria Madalena é, excluindo a mãe de Jesus, a mulher que aparece mais vezes, e é apresentada, além disso, como seguidora próxima de Jesus. Sua presença nos momentos cruciais da morte e ressurreição de Jesus pode sugerir que estava unida a Ele por laços conjugais.
- OOutro argumento utilizado pelos defensores da teoria do matrimônio entre Jesus e Maria Madalena é que na Palestina da época era raro que um varão judeu da idade de Jesus (uns trinta anos) permanecesse solteiro, principalmente se fosse dedicado a ensinar como rabino, já que isso ia contra o mandamento divino.
- Todo o desenvolvimento espiritual ao qual se refere Jesus em seu ensinamento, e as passagens claramente simbólicas encontradas nos Evangelhos Canônicos e Apócrifos, são claramente alquimistas e cabalistas. Também se deduz facilmente que o Mestre era ciente da arte alquímica e das regras desta arte.
- Esta frase do Evangelho de Tomás, que também já mencionamos anteriormente, revela alquímica e cabalisticamente a relação que tinham:
Simão Pedro disse-lhes: Que Mariham se afaste de nós! Pois as mulheres não são dignas da vida. Jesus disse: Olhe, eu me encarregarei de fazê-la macho, de maneira que ela também se converta em um espírito vivente, idêntico a vocês os homens: pois toda mulher que se faça varão, entrará no reino do céu.
Evangelho de Maria Madalena
Denomina-se Evangelho de Maria Madalena um Evangelho Apócrifo Gnóstico, possivelmente do século II, do qual chegaram até nossos dias apenas alguns fragmentos.
Características do texto
Deste evangelho conservam-se somente três fragmentos: dois, muito pequenos, em grego, em manuscritos do século III (papiro Rylands 463 e papiro Oxyrhynchus 3525). E outro, mais extenso, em copto (Berolinensis Gnosticus 8052,1), provável tradução do original grego. O texto copto foi achado em 1896 por C. Schmidt, embora não foi publicado até 1955. Os fragmentos em grego foram publicados, respectivamente, em 1938 e em 1983.
Em nenhum dos fragmentos há alguma menção sobre o autor deste evangelho. O nome que recebe tradicionalmente, Evangelho de Maria Madalena, deve-se a que se cita no texto uma discípula de Jesus chamada Maria, que a maioria dos especialistas identificam com a Maria Madalena que aparece nos Evangelhos Canônicos.
Não pode ser posterior ao século III, já que os manuscritos em grego correspondem a esta época. Por características internas do texto, como a presença de ideias gnósticas, considera-se que foi redigido no século II.
Conteúdo
No fragmento copto, que é o mais extenso, faltam várias páginas (concretamente 1-6 e 11-14). Trata-se de um diálogo entre Jesus (mencionado como "o Salvador") e seus discípulos. Depois da partida de Jesus, os Apóstolos ficaram desorientados:
Eles, no entanto, estavam entristecidos e choravam amargamente dizendo: Como iremos até os gentios e pregaremos o evangelho do reino do filho do homem? Se não tiveram nenhuma consideração com Ele? Como terão conosco?
Então, Maria levantou-se, saudou a todos e disse a seus irmãos: Não choreis e não vos entristeçais. Não vacileis mais, pois sua graça descerá sobre vós e vos protegerá. Melhor, glorifiquemos sua grandeza, pois nos preparou e nos fez homens. Depois de dizer isto, Maria converteu seus corações ao bem e começaram a comentar as palavras do [Salvador].
Maria, então, relata uma visão e o diálogo que manteve com Jesus nesta visão, cheio de termos próprios do pensamento gnóstico. O testemunho de Maria é recusado por André e por Pedro, os que duvidam que Jesus tenha preferido uma mulher que a eles para fazer revelações secretas. No entanto, Levi (o apóstolo Mateus) decide pregar "o Evangelho segundo Maria".
Segundo interpretações como a de Karen King,1 o texto revela as tensões existentes nas primitivas comunidades cristãs entre os proto-ortodoxos, representados por Pedro, e os gnósticos, simbolizados por Maria Madalena. Um confronto similar existe em outros textos gnósticos, como o Evangelho de Tomás, a Pistis Sopia ou o Evangelho Copto dos egípcios. Além disso, de acordo com este texto, Maria Madalena teria sido depositária de revelações secretas de Jesus, e teria tido um papel destacado na comunidade cristã pós-pascoal.
Podemos encontrar certas analogias entre as idéias expostas neste evangelho e as religiões orientais como o taoísmo e o budismo.
Maria Madalena segundo a Igreja Católica
Maria Magdalena é venerada pela Igreja Católica oficialmente como Santa Maria Madalena. Existem múltiplos templos em todo o mundo dedicados a esta Santa católica.
MADALENA PENITENTE
Enquanto o cristianismo oriental honra especialmente Maria Madalena por sua proximidade a Jesus, considerando-a "igual aos Apóstolos", no ocidente se desenvolveu, baseando-se em sua identificação com outras mulheres dos evangelhos (veja-se mais acima) a idéia de que antes de conhecer Jesus tinha se dedicado à prostituição.
Esta idéia nasce, em primeiro lugar, da identificação de Maria com a pecadora de Lc 7:36-50, de quem se diz unicamente que era pecadora e que amou muito. Em segundo lugar, da referência em Lc 8:2, onde se diz, desta vez se referindo claramente a Maria Madalena, que dela "saíram sete demônios". Como se pode ver, nada nestas passagens evangélicas permite concluir que Maria Madalena se dedicasse à prostituição.
Não se sabe com exatidão quando começaram a identificar Maria Madalena com Maria de Betânia e a mulher de Lc 7:36-50, porém em uma homilia do papa Gregório Magno (morto em 591) se expressa muito claramente a identidade destas três mulheres, e mostra Maria Madalena como prostituta arrependida. Por isso a lenda posterior faz que passe o resto de sua vida em uma gruta no deserto, fazendo penitência e mortificando sua carne, e são frequentes na arte ocidental as representações de "Madalena penitente".
A imagem de Maria Madalena como penitente também pode ser confundida graças à tradição de Maria Egipcíaca, Santa do s. V, quem, segundo “A vida dos Santos”, de Jacobo da Voragine, se dedicou à prostituição e retirou-se para o deserto para redimir suas culpas. É comum ver representações de Maria Egipcíaca, com os cabelos longos que cobrem seu corpo ou envolvida com juncos, símbolos de sua penitência no deserto. Estes atributos em ocasiões acompanham Madalena, criando, às vezes, a confusão de ambas Santas.
Na tradição católica, no entanto, Maria Madalena passou a ser uma personagem secundária, apesar de sua inquestionável importância na tradição evangélica. A relegação que Maria Madalena sofreu foi relacionada por alguns autores com a situação subordinada da mulher na Igreja.
Em 1969, a Igreja Católica retirou do calendário litúrgico o apelativo de “penitente" adjudicado tradicionalmente a Maria Madalena. Também, desde essa data, deixaram de se empregar na liturgia da festividade de Maria Madalena a leitura do Evangelho de Lucas (Lc 7:36-50) a respeito da mulher pecadora. Desde então, a Igreja Católica deixou de considerar Maria Madalena uma prostituta arrependida. No entanto, esta visão continua sendo a predominante para muitos católicos.
Maria Madalena e outras Santas católicas
Maria Madalena foi fonte de inspiração para uma das místicas mais importantes na Igreja Católica, Teresa do Menino Jesus, que admirava este amor tão profundo relatado no evangelho no qual Maria Madalena pensa em servir a quem ama. Assim, Teresa decidiu dedicar sua vida a quem mais amava: Jesus de Nazaré (cf. LT 169 Santa Teresa). Em 1894 escreveu: ""Jesus defendeu-nos na pessoa de Maria Madalena"".
Outra destacada mística católica que encontrou inspiração e consolo em Maria Madalena foi a doutora da igreja Teresa de Ávila, que referiu ter recebido ajuda espiritual de Madalena.
Fonte:http://www.vopus.org/pt/gnose/alquimia/maria-madalena.html
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