Como posso ter vida santa, se sou apenas uma pessoa comum ?
Ontem postamos um registro sobre a mais nova das servas de Deus a ser glorificada pela Igreja de Cristo, a Anciã Sophia, a “asceta da Panagia”.
O relato da vida dos santos serve como um modelo para que cada cristão encontre nesse registro, a renovada prova da ação vivificante do Divino Espírito em cada homem e mulher, que já neste mundo buscam serem tomados pela graça, e nisso vivem a refletir a Santidade de Deus, transfigurados em sua natureza, já renascidos em Cristo, O Verbo de Deus que Se fez Homem.
Contudo, as muitas façanhas espirituais relatadas nas vidas dos mais variados santos, podem causar em muitos dos buscadores da santidade, a idéia de que o caminho da santificação é por demais alto, e que sendo fracos e pecadores, não estão a altura de serem eles também tornados Vasos para o Espírito Santo atuar.
A pergunta então que muitos fazem é : Se não sou um asceta, se não abandonei tudo o que possuo em favor de unicamente servir a Deus, se não me desfiz dos meus tantos vínculos com os valores passageiros do mundo, como posso, sabendo que há quem tenha feito (e nisso, se tornaram Santos), ter como uma meta para a minha vida, alcançar a santidade ?
“Porque sem mim nada podeis fazer.” João 15:5
O cristão é antes de tudo um pecador, e a sua oração mais praticada (se possível sempre "que possível") é: “Senhor Jesus Cristo , Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador".
Logo, se reconhecer como pecador é um degrau para a santidade.
Muitos homens e mulheres não compreendem que a busca cristã pela santificação da vida não é algo feito apenas através daquelas existências que se configuram de "façanhas extraordinárias", mas sim, para a grande maioria do povo devoto ao longo dos séculos, se dá no cotidiano , e uma paulatina elevação das coisas que fazem parte da vida ordinária.
Devemos lembrar que o Senhor nos instou a sermos mansos e humildes, e nisso temos o parâmetro que deve nos orientar, sobre qual é o cerne da santificação pessoal.
Como então o “homem comum”, que vive em uma grande cidade, que tem família, um emprego, que não vai se embrenhar em uma caverna para viver a rezar, pode assim como o eremita, se tornar “sal da terra”, como é a destinação e utilidade do cristão no mundo? É possível?
O heroísmo do homem comum.
Se o sujeito se levanta pela manha, e antes de qualquer coisa agradece a Deus por ter recebido (sem nada ter feito para merecer) mais um dia, se consciente de tal graça pede a Deus para que o ilumine durante todo o dia que se inicia, ele já direciona a sua vida em um caminho santo.
Sim, é claro que é possível que cinco minutos depois ele agrida a esposa, seja grosseiro com os filhos, chute o cachorro e pragueje contra o vizinho, mas é bem mais provável que se ele fez uma oração sincera, ele vai se manter por mais tempo naquele espírito de compromisso com a sua própria santificação.
Se então, ao acabar de se arrumar, ele vai para a sua primeira refeição do dia, e antes disso agradece a Deus com sinceridade pelo alimento, pelo seu sustento, por seu teto, é mais natural que ele faça uma refeição com a mente purificada, e de fato tenha uma alimentação benéfica em sua plenitude como ser humano (corpo+espírito) e não apenas como um animal que precisa de energia.
Se ele então vai para o trabalho, e durante as quase duas horas que leva para chegar no trabalho (ou que seja meia hora andando, como é com a graça de Deus o meu caso), ele usa o seu cordão de oração que está em seu bolso para lembrar da Oração de Jesus ("Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tem piedade de mim, um pecador"), é mais provável que toda a sua caminhada , em meio a tudo o que ha no mundo (suas tantas distrações), ele tenha feito mesmo um frutuoso esforço em estar em comunhão com Deus.
Novamente, é claro que ele pode chegar no seu trabalho e ser rude com a moça do café, com o rapaz da limpeza, com a secretaria, com a sua colega do escaninho ao lado...Mas o mais provável é que aquela paz que ele cultivou no caminho de casa para o trabalho ainda esteja com ele.
Se ao chegar no trabalho ele tem a chance de cultivar um Canto dos ícones, ele pode antes do cafezinho "para bater o ponto", trocar o pavio da sua lamparina, acrescentar mais azeite, ascender o pavio cantanto a Deus em voz baixa ou em silencio que "os anjos do céu, ó Cristo Salvador, cantam a Tua ressurreição, concede a nós que estamos na terra, o glorificar com o coração puro".
Após ascender sua lamparina, ele pode venerar o Santo ícone do seu onomástico, ou do Senhor e de Sua Mãe, e após isso pode agradecer a Deus por ter chegado bem ao trabalho e pedir a Ele para que guie seus passos para ser um dia de trabalho correto e frutuoso.
Certamente que ele pode cinco minutos depois esquecer de tudo isso e entrar em uma "animada conversa" para falar mal de um colega de trabalho ausente, ou do patrão, mas se ele fez tudo isso com sinceridade de coração, é mais fácil que ele se mantenha na serenidade do Cristo.
Se ele então tem a oportunidade de acessar algum aparelho de áudio no seu trabalho, ele vai cultivar o bom habito de ouvir a voz cantada e bi milenar da Igreja, ouvindo os salmos que fazem a comunhão em uma mesma oração da Igreja Militante e Triunfante.
Sim, ele certamente pode ouvir o canto litúrgico como uma "musica de elevador", sem se ater a letra e as palavras salvificas, e acabar se distraindo com a sonoridade, sem ir ao fundo.
Mas se esta sonoridade se complementa a todos os atos anteriores de sua devoção, é mais fácil que ele esteja com os ouvidos, orando junto com todos os seus irmãos na fé.
Se no seu almoço, seja onde ele estiver almoçando, e seja o que for (em um restaurante ou comendo um salgado), se ele novamente da graças a Deus per mais uma vez ter lhe provido o alimento, é mais fácil que ele se reoriente em Deus, caso o dia de trabalho lhe tenha afastado de Deus muitas vezes, pelas atribulações, pelas coisas mesmo 'menos santas" de um dia de trabalho estressante.
Claro, ele pode acabar de rezar e comer falando mal dos outros com o colega ao lado, mas é mais provável que durante o curto almoço as palavras de jubilo e contrição da oração permaneça com ele, lhe dando a chance de comer em paz e em silencio.
Se ao sair do trabalho ele novamente prepara a sua lamparina, venera os ícones e agradece a Deus por ter vencido mais um dia de labuta, é bem provável que ele encontre espaço para pedir perdão a Deus pelas vacilações de um dia de trabalho, por seus agastamentos bobos, por suas pequenas impiedades com os colegas, com seus momentos de desespero profissional, gritarias e palavrões, enfim, por todos os momentos em que ele esqueceu daquela notícia, que após recebida e crida, deveria em tudo nos tranqüilizar : "Cristo Ressuscitou ”, não há mais razão para desespero.
Se ele então reza com fé e verdadeiro amor no coração, é mais fácil que ele volte para casa na paz do Senhor.
É muito provável que depois de um tempo, não exista para ele maior alegria do que aquela caminhada em que ele pode caminhar pelo mundo sem estar no mundo.
E ele sabe que poder fazer de uma ida e volta para a casa um momento de imersão no sagrado é em si um milagre que só existe porque Deus é Misericordioso para alem do nosso entendimento.
Quando chega em casa, ele tem a alegria da família, de voltar para o seu pouso seguro.
Se junto com sua família todos vão beijar a Cruz Vivificante que abençoa a casa, e fazem ali uma pequena mais fervorosa oração comunal por estarem todos bem em casa, é muito provável que o amor de Deus preencha aquela família por toda a noite, e que seja lá o que eles estiverem fazendo, nunca deixaram de estar na Paz de Cristo, pois o Seu amor os reuniu.
Então eles vão jogar conversa fora, vão ver TV, jogar jogos, vão curtir as coisas simples da vida. Mas na hora da alimentação noturna e antes de deitar, toda a família vai estar novamente unida e de pé diante do Canto dos ícones da casa, vão agradecer a Deus por tudo, e cantar pela graça de saber que Deus sustenta o universo.
Brigas, falta de respeito, desamor...Essas coisas podem acometer essas pessoas, mas convenhamos que tudo mais indica que eles vão estar guardados disso porque se mantem "orando e vigiando", mesmo quando não estão “oficialmente” rezando.
Não ha nisso , nessa rotina de coisas simples e que estão a mão de todos, nenhum grande heroísmo, nenhum ato de 'ficção", nenhuma idealização de perfeição.
E ha nisso tudo, ainda que pareça prosaico, banal, simplório, um caminho de santificação, na consolidação de atos motivados pelo mais sincero desejo, de inserir em todos os cantos da vida, o agradável odor de Deus em tudo.
Eis a questão do Cristianismo autentico e vivo, a proposta que Nosso Senhor nos faz, de mansidão e humildade, uma promessa de vislumbrar as colinas do paraíso já neste mundo.
Fonte:http://cetroreal.blogspot.com.br/2012/01/como-posso-ter-vida-santa-se-sou-apenas.html
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